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Sexta-feira, 29 de março de 2024 -





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Violência contra idosos quase quintuplica na pandemia; negligência é mais praticada

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(Foto: MARCOS DE PAULA/ESTADÃO/Ilustrativa)

Em abril, quando o isolamento já durava um mês, a quantidade de denúncias de agressão contra a mulher deu um salto: 40% em nível nacional. Concomitantemente, a violência geriátrica quase que quintuplicou, saindo de 3 mil denúncias em março para 17 mil em abril. Os dados são do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMDH).

Para o Dr. Carlos André Uehara, Presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia , os números “escancaram” uma realidade antiga não só no Brasil, mas no mundo. “Uma das características dessa pandemia foi o aumento de casos de violência doméstica . Muitas vezes a gente presta atenção na violência contra a mulher e contra a criança, mas o idoso também sofre. Isso só escancara uma situação que a gente já imaginava, mas que agora é comprovada com números”.

Corroborando Uehara, Carolina Ruiz, gerontóloga e diretora do Avance Centro-Dia 60+, o cenário atual têm relação direta com a desvalorização e a falta de respeito com as pessoas idosas.

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“Vivemos em uma sociedade que desvaloriza o velho e, quando digo velho, é tudo que é velho. É uma sociedade capitalista e a nossa importância está muito vinculada ao que a gente produz, quando o idoso para de produzir, para de trabalhar, ele para de ser interessante”, declara.

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“Fora isso, têm a falta de conhecimento de como as pessoas podem lidar e conduzir o envelhecimento do outro. A gente têm famílias que seus idosos estão envelhecendo e eles não sabem o que fazer. E é por isso que o disque 100 percebeu um aumento grande de violência contra o idoso durante a pandemia”, acrescenta ela.

No Brasil, de acordo com a Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, 13 dos 32 milhões de idosos passam por algum tipo de violência. Apesar de o número ser alto, acredita-se que há uma grande subnotificação visto que as vítimas não costumam denunciar, seja por limitações físicas – o que gera a dificuldade de autoproteção -, seja por medo.

Geralmente, segundo um balanço do MMDH, os agressores são parentes próximos das vítimas. 52,9% dos casos de violações foram cometidos pelos filhos, seguidos de netos (com 7,8%). As pessoas mais violadas são mulheres com 62,6% e homens com 32%. Das vítimas 41,5% foram declarados brancos, pardos 26,6%, pretos 9,9%, amarelos com 0,7% e indígenas 0,4%. Sendo a casa da vítima o local com maior evidência de violação, 85,6%.

Apesar de parecer simples, a violência contra a pessoa de idade têm várias camadas e não se resume à agressão. Desmistificando, essa ideia a gerontóloga Carolina declara. “A violência física é grave, mas a psicológica machuca tanto quanto a física – às vezes até mais. A física costuma ser pontual, não se justifica, mas pode nunca mais acontecer. Agora a psicológica pode gerar depressão e às vezes a pessoa pode sofrer durante muitos anos”.

Em sintonia com a gerontóloga, o Dr. Marcos Uehara explica que a violência psicológica nem sempre é praticada a partir de humilhações e xingamentos, mas de brincadeiras que recaem no etarismo – preconceito contra idosos.

“A violência começa com os pré-conceitos… e o preconceito contra o idoso a gente chama de etarismo. Muitas vezes esse preconceito está vestido de brincadeira, mas para a vítima acaba sendo um tipo de violência psicológica”, diz o presidente da SBGG.

Conheça os tipos de violência contra o idoso:

Física : agressões, beliscões, empurrões e tapas, que podem levar a lesões e até mesmo ao óbito.

Psicológica : formas variadas de menosprezo, discriminação, preconceito e humilhação, levando a pessoa à tristeza, ao sofrimento e, possívelmente, à depressão.

Abandono : privação do convívio com a família através do isolamento e da ida forçada a uma Instituição de Longa Permanência.

Abuso financeiro : apropriação dos recursos e bens por meio de intimidação, como a utilização forçada do benefício da aposentadoria sem permissão.

Negligência : descaso proposital da família, caracterizado pela omissão diante de situações de violência, maus-tratos ou abandono.

Violência sexual : práticas eróticas impostas por meio de aliciamento, como por exemplo, beijos forçados e atos sexuais não consentidos.

As violações mais constatadas são negligências (38%), violência psicológica (humilhação, hostilização, xingamentos etc) com 26,5%, seguido de abuso financeiro e econômico/violência patrimonial que envolve, por exemplo, retenção de salário e destruição de bens com 19,9% das situações. A quarta maior recorrência se refere à violência física, 12,6%. Importante frisar que, em sua maioria, as denúncias são tipificadas com mais de um tipo de violação, ou seja, uma mesma vítima pode sofrer várias dessas violações apresentadas.

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