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Quinta-feira, 28 de março de 2024 -





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Saibam porque decidi não mais participar das manifestações deste domingo; Por Daniel Paixão

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“SINTESE: não sou contra as manifestações do próximo domingo, pois entendo que a revolta contra este governo é legítima. Contudo, não vou participar dela, pois temo que alguns não estejam apenas interessados em combater a corrupção e cobrar ações mais enérgicas do governo para amenizar a grave crise econômica. Então, vou apenas torcer que os líderes dessas manifestações tenham bom senso e demonstrem que odeiam os maus políticos, mas que amam o Brasil e suas instituições. ”

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Daniel Oliveira da Paixão

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Como é do conhecimento da maioria dos brasileiros, anuncia-se, através da mídia e redes sociais, uma megamanifestação popular, no próximo domingo, cujo alvo principal é o governo de Dilma Rousseff e o PT. Obviamente o tema corrupção também estará na agenda dos manifestantes, mas muito provavelmente o foco principal dos protestos seja a administração petista em nível nacional.

Não vou participar. Não que eu seja petista ou goste do PT. Já apoiei o PT nos governos de Lula e no primeiro mandato de Dilma, mas depois que observei que as investigações eram sérias e as denúncias contra políticos do PT eram consistentes, deixei de olhar o petismo com o mesmo olhar.

Se fosse explicar porque eu apoiava tanto o PT antes e porque não o apoio agora, teria de escrever um livro. Não é este o caso agora. Vou tentar ser conciso em explicar as razões que me levaram a apoiar, com ressalvas, as manifestações deste domingo, mas não participar dela diretamente.

O principal motivo que me levou a deixar de apoiar integralmente essas manifestações é que não está muito claro se os objetivos são apenas cobrar do governo ações para combater a corrupção, a crise e colocar o nosso amado país novamente na rota do progresso. Temo que, entre os milhões de cidadãos bem-intencionados, surjam também elementos com interesses em manipular a população, revoltada com tudo o que está acontecendo, para conduzi-la a um levante popular, e isto obviamente abriria caminho para um golpe de estado por grupos ultraconservadores sob o argumento de que seria necessário restabelecer a paz e a ordem social.

Espero que me compreendam e não deem ouvidos aos que vejam nesse meu artigo a informação distorcida de que eu considere a manifestação popular como um golpe. Eu vejo como legítimas as manifestações populares. Meus temores são em relação ao uso que alguns grupos possam fazer nos dias seguintes.

Outra avaliação que faço é que, até aqui, as instituições parecem sólidas no país e a prova disso é que membros do alto escalão do governo estão sendo investigados pelo Judiciário e alguns até tiveram suas prisões temporárias ou preventivas decretadas para que os que forem culpados sejam realmente punidos.

Também, em um primeiro momento, sou contra a abertura de um processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff sem que se prove o envolvimento direto dela em todo esse esquema de corrupção. O governo é uma instituição complexa onde quem preside não tem o controle absoluto de todas as ações como tinham os monarcas em regimes absolutistas. Portanto, sem que se prove o envolvimento direto dela não haverá legitimidade para um processo dessa natureza.

Então, se as instituições estão funcionando, o correto será darmos um crédito a elas. Queremos que os corruptos sejam presos e paguem pelos seus crimes. Mas não é exatamente isso que a Justiça está fazendo? Os corruptos estão sendo presos, embora muitos dos suspeitos de envolvimento ainda continuem livres. Mas, como disse, as instituições estão funcionando e o processo está em curso. Se o nosso voto de confiança ao judiciário for correspondido pelos juízes, desembargadores e ministros do supremo, mais cedo ou mais tarde os que hoje esperneiam e se dizem inocentes vão acabar atrás das grades caso realmente as denúncias sejam consistentes para justificar a consecução de ações penais contra eles.

Eu não sou como àqueles que dizem que o mandato de Dilma foi conquistado legitimamente. Eu tenho dúvidas e o TSE também. Mas também não posso afirmar, com todas as letras, que houve o cometimento de crime eleitoral objetivo, pois isto quem tem que julgar são as instâncias jurídico-eleitorais e não eu. Subjetivamente, eu penso que algumas ações de governo representaram um estelionato eleitoral e os exemplos são muitos. Os primeiros meses de mandato de Dilma, pós reeleição, são uma prova cabal de que as promessas de campanha não estão sendo cumpridas ou, para sermos um pouco mais brando, Dilma enganou-se ao pensar que vaca não tossia. Em questões chaves e tão importantes para os trabalhadores, como garantias trabalhistas já consolidadas, parece-nos que “a vaca tossiu” e o povo está pagando caro.

Enfim, amigos, sou a favor de manifestações, quando o alvo seja bem definido. Apoio manifestações que peçam o combate à corrupção, respeito às leis e às instituições democráticas. Mas eu estou um pouco receoso de que o movimento deste domingo possa ser aproveitado por alguns, com interesses em criar um clima favorável para um golpe de estado e isso não será nada bom para o país.

Eu não votei na Dilma. Não gosto mais do PT. Estou farto desse partido e do projeto criminoso de poder defendido por radicais petistas – não prela presidente diretamente. De que adianta tirar uma presidente do poder e manter um Congresso no qual boa parte de seus membros são igualmente denunciados por corrupção?

Meu entendimento é o seguinte:  da forma como as instituições políticas estão comprometidas (salva-se, por enquanto o Judiciário), se queremos realmente uma cara nova e um recomeço para o Brasil, então não basta trocar apenas o comando da Presidência da República. Como não é possível isso, pois não temos uma legislação que permita a convocação de eleições gerais sempre que as ações de maus políticos comprometerem toda a estrutura de poder, então o melhor é acompanharmos e cobramos das instituições judiciárias que façam o seu trabalho nessa difícil tarefa de recolher a erva daninha do meio do trigal.

Só para concluir: vou apoiar as manifestações que forem legítimas e que defendam as instituições. Não é nas ruas que devemos atuar para trocar governantes. Devemos fazer isso através do voto. Mas as eleições foram no ano passado. A maioria, ao que tudo indica, elegeu Dilma. Se houve vícios ou ilegitimidade que foram capazes de induzir o voto dos eleitores, isso tem que ser apurado, com serenidade, pelo TSE. Não há direito e nem respeito aos valores democráticos no rito sumário. Punir sem investigar não é fazer justiça. Eu até iria participar das manifestações. Mas depois de percorrer o universo virtual, através das redes sociais, e observar o comportamento de alguns políticos que parecem querer aproveitar-se do momento, mudei de opinião.

SINTESE: não sou contra as manifestações do próximo domingo, pois entendo que a revolta contra este governo é legítima. Contudo, não vou participar dela, pois temo que alguns não estejam apenas interessados em combater a corrupção e cobrar ações mais enérgicas do governo para amenizar a grave crise econômica. Então, vou apenas torcer que os líderes dessas manifestações tenham bom senso e demonstrem que odeiam os maus políticos, mas que amam o Brasil e suas instituições.

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